Carmen - 1918

Produzido pelo renomado cineasta e personalidade cinematográfica Ernst Lubitsch nas últimas semanas da Primeira Guerra Mundial, justamente quando sua Alemanha natal estava sendo derrotada, sua versão da novela Carmen, de Prosper Mérimée, de 1845, dança alheia à situação do mundo exterior.

Um veículo para a famosa atriz vampira Pola Negri, que assume o papel-título da plebeia romani, impetuosa e sedutora, que leva os homens a todo tipo de compromisso moral. No centro da história do filme (que cobre apenas o terço final da novela original) está o personagem Don José Navarro (Harry Liedtke), um respeitável sargento de dragões em Sevilha, a caminho de um futuro brilhante.

Infelizmente, Don José se apaixona pela humilde operária da fábrica de tabaco Carmen; dizer que ele descarrilou seria um eufemismo considerável. Em vez de uma promoção honrosa e um casamento feliz com sua noiva, ele é rebaixado e preso antes de se juntar a um bando de contrabandistas e se tornar um fora da lei. Ele faz tudo isso pela sexualmente extrovertida Carmen, que acaba fugindo com um toureiro, deixando Don José para trás. Segue-se a loucura em uma espiral descendente proto-noir.

De acordo com o comentarista de áudio do disco, o historiador de cinema Anthony Slide (cuja trajetória acadêmica forneceu a este crítico muitos dos fatos cinematográficos compartilhados aqui), a adaptação de Lubitsch inclui cenas e momentos não apresentados na novela original, bastante extensa, de mais de 250 páginas. Lubitsch, ao que parece, não teve escrúpulos em fazer o que queria com Carmen, que, em 1918, já havia sido levada às telas por Cecil B. DeMille, Raoul Walsh e Charlie Chaplin (todos em 1915; Chaplin, na verdade, é uma paródia de DeMille).