Desmundo - 2002
- Diretor Alain Fresnot
- Código: NA-2436-DRA-LT
- Disponibilidade: Em estoque
Opções disponíveis
Etiquetas: Desmundo, Simone Spoladore, Osmar Prado, Caco Ciocler, Berta Zemel, Beatriz Segall
Brasil, por volta de 1570. Chegam ao país algumas órfãs, enviadas pela rainha de Portugal, com o objetivo de desposarem os primeiros colonizadores. Uma delas, Oribela (Simone Spoladore), é uma jovem sensível e religiosa que, após ofender de forma bem grosseira Afonso Soares D'Aragão (Cacá Rosset) se vê obrigada em casar com Francisco de Albuquerque (Osmar Prado), que a leva para seu engenho de açúcar. Oribela pede a Francisco que leh dê algum tempo, para ela se acostumar com ele e cumprir com suas "obrigações", mas paciência é algo que seu marido não tem e ele praticamente a violenta. Sentindo-se infeliz, ela tenta fugir, pois quer pegar um navio e voltar a Portugal, mas acaba sendo recapturada por Francisco. Como castigo, Oribela fica acorrentada em um pequeno galpão. Deprimida por estar sozinha e ferida, pois seus pés ficaram muito machucados, ela passa os dias chorando e só tem contato com uma índia, que lhe leva comida e a ajuda na recuperação, envolvendo seus pés com plantas medicinais. Quando ela sai do seu cativeiro continua determinada em fugir, até que numa noite ela se disfarça de homem e segue para a vila, pedindo ajuda a Ximeno Dias (Caco Ciocler), um português que também morava na região.
Ficha Técnica | |
Título no Brasil | Desmundo |
Título Original | Desmundo |
Ano de Lançamento | 2002 |
Idioma | Português |
Legenda | Inglês, Português, Português Europeu, Espanhol, Francês, Turco |
Cores | Colorido |
Gênero | Drama |
Duração | 101 Min. Aprox. |
Direção | Alain Fresnot |
Países de origem | Brasil |
Elenco | Alain Fresnot, Alexandre Roit, Ana Paula Mateu, Antonio Tadeu Bassarelli, Arrigo Barnabé, Beatriz Segall, Berta Zemel, Cacá Rosset, Caco Ciocler, Carol Leiderfarb, Célio Fernandes da Silva, Daniel Minduruku, Débora Olivieri, Eduardo Lemes de Oliveira, Fábio Malavoglia, Fernanda Miranda Moreira, Giovanna Borghi, Guilherme de Camargo, Helder Ferreira, Hugo Possolo, Igor Kovalewski, John Paul, José Eduardo, José Raul Barretto, José Rubens Chachá, Laís Marques, Lívia Schasselem de Oliveira, Luiz Carlos Bahia, Marcos Daud, Maria Conceição de Oliveira, Nelson Nunes, Nicolau Tupã M Gabriel, Olair Coan, Osmar Prado, Samantha Oliveira, Simone Spoladore, Timóteo da Silva V Potiguá, Victor Rebouças, Virgílio Veríssimo |
Crítica | |
Nota | É mais do que um filme. Desmundo é uma viagem no tempo. E para curti-la, recomenda-se esquecer do lado de fora do cinema toda a pressa, toda a correria e se deixar levar pelo ritmo onírico do século 16. Sem ansiedades. Tudo acontece nas primeiras décadas da colonização do Brasil, momento em que a Igreja solicita a Portugal que envie à sua colônia lotes de órfãs brancas dispostas se casar com os colonos. A intenção é aplacar os hormônios dos portugueses, impedindo assim que eles se miscigenem com as índias do lugar. É neste contexto que o roteiro, baseado no livro de Ana Miranda, centraliza sua força narrativa - e que força! - na personagem de Orisbela (Simone Spoladore), uma jovem órfã portuguesa que se rebela contra o casamento que lhe foi arranjado. Passado o primeiro momento de rebeldia - uma cusparada no rosto do pretendente - resta a Orisbela apenas duas tristes opções: morrer sozinha numa terra selvagem, ou casar-se com qualquer um. Ela opta pelo segundo caminho. E cabe a Francisco (Osmar Prado, ótimo), vivenciar este "qualquer um". De poucas palavras, poucos amigos e longe de qualquer tipo de refinamento, Francisco é quase um animal, mal conseguindo se relacionar com seus próprios iguais. Sua relação com Orisbela será de posse e a dela com ele será a eterna luta pela liberdade. Desse casal tão improvável nascerá um País mais improvável ainda. Um Brasil bruto, literalmente mal educado. Bastardo. E toda esta saga sobre o nascimento de uma nação ao sul do Equador é contada com maestria pelo diretor Alain Fresnot, que faz aqui um trabalho diametralmente oposto ao do seu filme anterior, a comédia Ed Mort. Desmundo é denso, maduro, envolvente, de interpretações marcantes e com uma produção de encher os olhos. Para recriar a atmosfera do Brasil Colônia, foi construída sob o comando do diretor de arte Adrian Cooper toda uma vila cenográfica com igreja, moradias e até escola jesuítica. Cerca de 150 índios legítimos da faixa litorânea, que vai de Bertioga (SP) a Parati (RJ), foram preparados especificamente para atuarem no filme. E o ponto que mais chama a atenção: o lingüista e professor Helder Ferreira comandou uma extensa pesquisa que procurou redescobrir como seria o português falado na época do descobrimento. Todos os diálogos foram vertidos para essa linguagem arcaica, e tudo foi legendado para o nosso idioma atual. O resultado é primoroso. Certamente Desmundo é um filme para um público pequeno, para uma diminuta parcela da população formada por cinéfilos a procura de experiências cinematográficas que vão além - muito além - de meros efeitos visuais. E que não vêem nada de errado num filme que não tem ritmo de videoclipe. Quem faz parte desta minoria não pode deixar de ver. Uma última curiosidade: a participação de Ana Paula Mateu, de 19 anos, a primeira portadora de Síndrome de Down a interpretar um personagem ficcional num filme brasileiro. Ela foi selecionada entre 60 alunos da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) para ser Vigilanda, irmã de Francisco. |